Jornalismo,  Reportagem

Reportagem na fronteira invisível do Brexit revive conflito histórico entre as Irlandas

Por Mauro César Silveira

Ao percorrer os 500 quilômetros que separam a Irlanda do Norte da República da Irlanda, o jornalista Guillermo Abril produziu uma belíssima reportagem histórica sobre a fronteira chave do Brexit – como é conhecida a decisão do Reino Unido de deixar o bloco europeu – para as negociações entre Londres e Bruxelas. Foram seis dias narrados num diário de viagem esclarecedor, que ganhou as páginas principais da revista El País Semanal, que circula aos domingos encartada no maior jornal da Espanha. O repórter ouviu moradores dos dois lados da linha divisória entre as Irlandas e sentiu que a inquietação toma conta da região, reacendendo velhas feridas de um conflito que deixou milhares de vítimas no século passado e que parecia superado. Um limite territorial que se tornou quase invisível depois dos acordos de paz de 1998 e que pode ser inteiramente restabelecido se confirmada a saída do Reino Unido da União Europeia. A reportagem ganhou a capa da revista número 2.248, de 27 de outubro passado, com o título Irlanda, la frontera fantasma del Brexit. A íntegra do texto, o excelente trabalho de fotojornalismo de Manuel Vásquez, vídeos da matéria e um podcast de pouco mais de 28 minutos sobre a viagem podem ser acessados aqui.

Jornalista Guillermo Abril: opção pela reportagem em profundidade  Foto: Centro Cultural de España, Montevideo

Em agosto de 2017, Guillermo Abril esteve nos centros culturais da Espanha em Montevidéu e Córdoba, na Argentina, para falar sobre seus trabalhos jornalísticos realizados até aquela época.  “Sem pessoas, não existe reportagem“, afirmou na capital uruguaia. “Para que uma reportagem possa transmitir algo tem que mostrar emoções humanas e assim chegar ao leitor”, acrescentou sobre um dos principais objetivos do seu trabalho.

Nos dois encontros, ele também comentou produções jornalísticas em outros formatos, como o inovador livro La Grieta, uma reportagem gráfica inspirada em nomes como Joe Sacco e Emmanuel Guibert (O fotógrafo). Nessa obra, de 2016, em parceria com o fotógrafo Carlos Spottorno, é apresentada a dramática situação de imigrantes nas fronteiras da União Europeia. Uma boa ideia do trabalho pode ser vista aqui.  Em Montevidéu e Córdoba, Guillermo Abril também deu detalhes do curta-metragem The Resurrection Club, indicado, em 2017, como um dos melhores em sua categoria para o Prêmio Goya, da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha. A produção, em conjunto com Álvaro Corcuera, conta a história de quatro pessoas condenadas à morte no Texas, nos Estados Unidos, que tiveram a sorte de provar sua inocência antes de serem executados. Um trailer, divulgado pela Anistia Internacional, dá uma dimensão do trabalho:

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