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A repórter que abraçou o mundo
Precursora do jornalismo investigativo, a estadunidense Nellie Bly suplantou a marca do personagem ficcional Phileas Fogg, da obra de Júlio Verne, ao dar a volta no globo terrestre, em pleno século XIX, no período de 72 dias Por Mauro César Silveira A insólita pauta foi cumprida, com absoluto êxito, num 25 de janeiro de 1890, exatos 132 anos atrás. Nem a autora da façanha estava segura de que a empreitada seria um estrondoso sucesso, superando as previsões mais otimistas. A jornalista Nellie Bly desembarcava na estação de trem de Jersey City diante de milhares de entusiasmadas pessoas que aguardavam a sua chegada, antes de partir para seu destino final em…
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Uma repórter no meio do inferno
Livro Dez dias num hospício, resultado da experiência de falsa identidade da jornalista estadunidense Nellie Bly, ganha quatro edições no Brasil em menos de um ano Por Mauro César Silveira À primeira vista, não poderia haver proposta mais indecorosa: ela teria que se fazer passar por uma pessoa com graves problemas mentais, provocar sua própria internação em um hospital psiquiátrico, sem previsão de alta, e tentar obter as informações mais detalhadas possíveis das condições do local. Mas a jovem repórter Nellie Bly, pseudônimo de Elizabeth Jane Cochran, não se intimidou. “Disse que podia e o faria. E fiz”. A resposta imediata, resoluta, ao editor Colonel Cockerill – uma ideia dele…
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A missão de contar histórias
Reportando o mundo na aridez do Texas “selvagem” Por Bárbara Dal Fabbro Será possível se falar dos primórdios do jornalismo em um filme de faroeste? E mais, com um ator consagrado, mas que não atua nesse gênero? O filme “Relatos do Mundo” (“News of The World”, 2021), que acaba de estrear no Brasil pela plataforma de streaming Netflix, nos mostra que sim. O longa foi baseado no livro homônimo de Paulette Jiles e traz uma narrativa que se passa em 1870, tendo como personagem principal o capitão Jefferson Kyle Kidd, profundamente interpretado pelo carismático Tom Hanks, e dirigido por Paul Greengrass, conhecido pelos filmes da franquia Bourne e pela câmera…
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Na era da leitura em voz alta dos jornais
Por Mauro César Silveira De cidade em cidade, de lugarejo em lugarejo, de terra em terra, as novidades aportavam em maços amarfanhados e empoeirados de papel. Durante quase três séculos, do alvorecer do XVII a meados do XIX, os jornais romperam as amarras da circulação restrita – seja pelo preço elevado de cada exemplar ou pela barreira do analfabetismo – através da força atávica da oralidade. Os mercadores de notícias percorriam comunidades da Europa e dos Estados Unidos, mesmo aquelas mais longínquas e inóspitas, para ler as notícias que julgavam mais interessantes ou impactantes, de diferentes regiões do mundo, em troca de moedas de baixo valor. Assim, as apresentações das…