• Diálogos,  História

    Tintas talentosamente fortes

    Ressurge a pintora italiana Artemisia Gentileschi, um dos maiores nomes do barroco e primeira mulher aceita na Academia das Artes do Desenho de Florença, mas que só começou a ter seu valor artístico reconhecido na década de 1970, mais de 300 anos depois da sua morte Por Mauro César Silveira Mais de três séculos de ostracismo. Um protagonismo de visibilidade muito tardia, tragicamente tardia, quase eterna, cruel morosidade decretada pelo patriarcado ainda vigente. Considerada hoje um dos maiores talentos do barroco no mundo inteiro, a pintora italiana Artemisia Gentileschi começou a sair do limbo na década de 1970 e não apenas pelas suas inegáveis virtudes artísticas. Mas também pela sua…

  • História,  Reportagem

    Legado revisitado

    Nos 100 anos da Semana de Arte Moderna, ainda ecoam, sobre o cenário cultural brasileiro, tanto as limitações como as mais fortes influências do evento vanguardista Por Lucas Ortiz A maneira de se refletir sobre a arte nacional nunca mais foi a mesma depois de 1922. Entre os dias 13 e 17 de fevereiro daquele ano, ocorreu em São Paulo (SP), no Theatro Municipal, a Semana de Arte Moderna: manifestação artístico-cultural que marcou o início do Modernismo brasileiro, conforme registros oficiais. Na época, a rejeição da elite conservadora, regada de vaias, garantiu o “sucesso” do evento, colaborando com o objetivo dos organizadores: o de gerar escândalos. “Para muitos de vós…

  • Diálogos,  História

    Quantas histórias cabem numa garrafa?

    Lançada às vésperas da Semana de Arte Moderna de 1922 e premiada no centenário do “nascimento do Brasil”, a cachaça mineira Colombina expressa o espírito da época em que surgiu, valorizando nossos melhores atributos culturais Por Maurício Ayer Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira e colaborador frequente da Revista de Antropofagia, uma das mais icônicas publicações do modernismo, escreveu que “O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar”; e uns versos abaixo: “O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar”. Pois quanta história (e quanto amor) cabe numa garrafa de cachaça? Faz tempo que me convenci de que a caninha conta histórias sem nem…

  • Diálogos,  História,  Jornalismo

    Um pintor entre dois mundos: Parte II

    O voo europeu do artista uruguaio Carlos Wahington Aliseris nas páginas da emblemática revista belga Clarté Por Maria de Fátima Fontes Piazza A segunda revista apresentada é Clarté: art et art décoratif, architecture, publicada na capital da Bélgica, tendo como diretor Monsieur Herman Dons, cujo escritório da redação se localizava na Rue du Gentilhomme, número 11, em Bruxelas, foi patrocinada pela firma “La glace polie A. M. G. E. C.  Association des Manufactures de Glaces de l’Europe Continentale”, que valorizava a arquitetura moderna ou modernista, do concreto e vidro. Dessa revista interessam dois números. Primeiro, o número 1, de janeiro de 1939, no 12º ano de circulação da publicação, vendida…

  • Diálogos,  História,  Jornalismo

    Um pintor entre dois mundos

    Da revista brasileira Vanitas à publicação belga Clarté, a circulação transatlântica do artista uruguaio Carlos Wahington Aliseris Por Maria de Fátima Fontes Piazza Da vaidade à claridade, duas revistas, uma belga e outra brasileira, uma de fait-divers e a outra voltada às artes visuais, arquitetura e com pitadas de museologia, revistas tão diferentes entre si, apresentam dois artigos que tem como objeto: o pintor, diplomata e mediador cultural uruguaio Carlos Washington Aliseris (1898-1974) e a sua obra para o público do Brasil e da Bélgica. No caso da revista belga, há uma mudança de perspectiva da história da arte, da periferia para o centro, ou seja, um ponto de inflexão…