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Chargistas brasileiros combateram ao lado do Império de D. Pedro II contra Solano López
Por Mauro César Silveira O jornalismo satírico da Corte brasileira pendeu para um lado na ação militar contra o Paraguai nos anos 1864-1870: apenas o inimigo das forças imperiais foi vítima da ação dos chargistas que atuavam no Rio de Janeiro. Até mesmo o abolicionista e republicano Ângelo Agostini, considerado o primeiro grande caricaturista brasileiro, alinhou-se com o discurso do governo de D. Pedro II. É de autoria dele uma das produções mais impressionantes daquele período, O Nero do Século XIX. A imagem apresentava um projeto de monumento ao sadismo do presidente paraguaio Francisco Solano López, que se erguia, imponente, sobre uma montanha de esqueletos, e foi publicada na Vida…
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O fotógrafo francês e a batalha dos meninos
Livro em quadrinhos Guarani – A Terra Sem Mal relata a presença de Pierre Duprat no trágico combate de Acosta Ñu, um dos mais sangrentos da guerra contra o Paraguai Por Mauro César Silveira e R. Melissa Dos Santos A realidade dura e crua se impõe, com altivez demolidora, diante das mais sórdidas intenções. No ano de 1868, o fotógrafo francês Pierre Duprat rumou de Paris para o longínquo Paraguai com o único objetivo de captar imagens de mulheres indígenas nuas e depois comercializá-las no continente europeu. Tinha consciência que o momento era turbulento e desembarcou na região do Prata disposto a se manter o mais distante possível das ações…
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Tristán Roca, o jornalista boliviano exilado no Paraguai em plena guerra
Um estrategista das comunicações durante o maior conflito bélico sul-americano Por Leonam Lauro Nunes da Silva* Um trabalho de pesquisa sempre reserva surpresas. Quando escrevi a respeito das relações na tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Bolívia) durante a Guerra Grande, deparei-me com um personagem ímpar, de grande força: Dr. Tristán Roca Suárez. Em determinado momento da escrita da dissertação de mestrado, atinei que sua atuação, performance, em meio ao quadro social vigente requereria colocá-lo, não mais na condição de coadjuvante, e, sim, de protagonista do evento bélico que tanto impacto causou na vida dos países envolvidos e, quiçá, em todo o continente. Percebi, logo, que a sua história poderia render…
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Grande reportagem, “A retirada da Laguna” desvela insanidade bélica e mostra cruel atualidade
Por Mauro César Silveira O pior ainda estava por vir, ao longo de mais de um mês de interminável penúria. Até chegar aquele 12 de junho, como hoje, no longínquo ano de 1867, no epílogo daquela lancinante debandada da guerra. Depois de transpor o caudaloso e lamacento rio Miranda, na então isolada província de Mato Grosso, o jovem Alfredo d’Escragnolle Taunay observou a encharcada coluna de soldados brasileiros rumo ao Paraguai e, por um momento, foi tomado pela mais devastadora aflição. A força expedicionária que se reunira na capital paulista dois anos antes, em abril de 1865, marchava sobre uma região deserta, quase enigmática, nos confins do Império do Brasil,…
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Batalhas memoráveis para serem contadas antes de dormir
Álbum El Cabichuí Perdido reafirma cultura paraguaia no dia da independência do país Por R. Melissa Dos Santos* O confinamento global virou quase uma oportunidade de tirar o pó de obras literárias adquiridas, que, pela falta de tempo, acabaram formando parte da paisagem ornamental de nossas bibliotecas em casa. O espectro temático de leitura é enorme e as preferências variam de acordo com a ocasião e o público-alvo. Uma indicação bélica pode ser uma sugestão arriscada, mas vale a pena em coincidência com a comemoração dos 209 anos de independência do Paraguai – um dia como hoje, 15 de maio, de 1811. É muito interessante fazer um repasse dos literatos…
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Jornalismo de trincheira paraguaio do século XIX renasce em quadrinhos na quarentena
Por Mauro César Silveira O lendário Cabichuí emerge do passado na quarentena paraguaia. Aparece o número 96, que dá sequência ao satírico jornal editado nos campos de batalha da guerra contra a Tríplice Aliança a partir de 13 de maio de 1867. Lançado no final de 2019 em Assunção, o álbum ilustrado El Cabichuí perdido, produzido por uma equipe de 18 cartunistas e roteiristas que homenageia os combatentes que escreviam e desenhavam na publicação do século XIX, é uma das opções de leitura mais adotadas no Paraguai nesta época de confinamento . No alto das capas, o Cabichuí costumava mostrar, como identidade visual, um negro sendo picado por vespas – o…
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O inimigo estava na trincheira: a imagem dos aliados nas páginas dos jornais brasileiros e argentinos na guerra contra o Paraguai
Durante a circunstancial aliança constituída na guerra contra o Paraguai, Brasil e Argentina não puderam evitar os reflexos de um passado marcado por conflitos bélicos e pela permanente desconfiança. Em muitos momentos da contenda, os jornais brasileiros e argentinos atacaram o país vizinho na campanha militar na Bacia do Rio da Prata. Uma ideia-imagem se impôs na imprensa sul-americana nos períodos mais desgastantes daquele episódio: o inimigo estava na trincheira. Esta é a síntese do artigo intitulado O inimigo na trincheira: a imagem dos aliados nas páginas dos jornais brasileiros e argentinos na guerra contra o Paraguai, publicado em 2015, na revista História: Debates e Tendências, do Programa de Pós-Graduação em História da…