Jornalismo,  Reportagem

Revista de estudantes de jornalismo do Recife lança olhar sobre a importância do cinema brasileiro

Por Ana Paula Bandeira

Tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2019, o Cinema Brasileiro entrou na pauta social. Crise no financiamento público do setor, democratização do acesso e o destaque em festivais internacionais trouxeram à tona discussões sobre um bem cultural complexo (pelas formas artísticas agregadas) e basilar ao exercício da reflexão e formação identitária de um povo. Atentos ao tema, estudantes do 4º período de Jornalismo do Centro Universitário Brasileiro (Unibra), do Recife, produziram, ao longo deste segundo semestre de 2019, uma revista sobre o cinema pernambucano, considerado – pela crítica especializada – o mais pujante do País nas últimas três décadas, pelas premiações, criatividade com baixos orçamentos e consistência de uma cadeia produtiva formada por produtoras, diretores, roteiristas, figurinistas, cenógrafos e outros profissionais, muitos deles formados no curso de Cinema e Audiovisual da UFPE.

Intitulado Panorâmica, o projeto experimental surge de uma proposta interdisciplinar da faculdade: a execução de trabalhos semestrais que envolvam alunos e docentes das diferentes disciplinas do curso. O resultado foi uma revista que trata especialmente da produção cinematográfica pernambucana, que, neste momento, é o nome brasileiro em festivais como Cannes, Festival de Cinema de Munique e Festival de Cinema de Lima, no Peru, com o longa Bacurau, de Kleber Mendonça Filho (Uma nota e uma entrevista dele para a revista Trip pode ser acessada aqui) e Juliano Dornelles. O filme rendeu uma crítica e também uma matéria sobre figurino, fruto da entrevista com Rita Azevedo, figurinista pernambucana que trabalhou em Bacurau e outros longas nascidos no Recife e exportados para o mundo, como Aquarius, de 2016. Além do cinema em circuito comercial, há também espaço para o audiovisual independente, com uma novela de bairro produzida na cidade (assista aqui ao primeiro capítulo de Sem limites para Sonhar).

Mas a edição se propõe mais do que tratar do cinema pernambucano atual. A intenção é dar o tom histórico que a dramaturgia local tem, desde a década de 1920, com os ciclos regionais – movimento contra estrangeirismos que inspirava produções feitas a partir da realidade sociocultural brasileira. O filme Baile Perfumado e o cinema de retomada, na década de 1990, ganham protagonismo na revista, com assinatura do aluno e também crítico independente de cinema em sua página no Instagram (@PXTMOVIES), Victor Peixoto.

A Cinemateca Pernambucana, aberta desde 2018 no Recife, é um reduto da história do cinema pernambucano. Está na página da Revista Panorâmica em matéria que revela, entre outras coisas, que um acervo de cerca de 250 filmes está catalogado e disponível gratuitamente no site da Cinemateca. Ou seja, estamos falando de um espaço pensado para solidificar a memória cinematográfica da região.

Esta edição da revista está sendo tratada por seus criadores (jovens futuros jornalistas) como primeira edição, o que dá indicativos de que o projeto não para por aqui.

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