• História,  Jornalismo

    Chargistas brasileiros combateram ao lado do Império de D. Pedro II contra Solano López

    Por Mauro César Silveira O jornalismo satírico da Corte brasileira pendeu para um lado na ação militar contra o Paraguai nos anos 1864-1870: apenas o inimigo das forças imperiais foi vítima da ação dos chargistas que atuavam no Rio de Janeiro. Até mesmo o abolicionista e republicano Ângelo Agostini, considerado o primeiro grande caricaturista brasileiro, alinhou-se com o discurso do governo de D. Pedro II. É de autoria dele uma das produções mais impressionantes daquele período, O Nero do Século XIX. A imagem apresentava um projeto de monumento ao sadismo do presidente paraguaio Francisco Solano López, que se erguia, imponente, sobre uma montanha de esqueletos, e foi publicada na Vida…

  • História,  Jornalismo,  Reportagem

    Os ataques de neopentecostais à história dos povos kaiowa e guarani

    Primeira videorreportagem do programa de microbolsas lançado pela Agência Pública para repórteres indígenas mostra resistência de aldeias do MS à intolerância religiosa Por Luan Iturve e Valdinéia Jorge  A primeira produção de repórteres indígenas da Agência Pública, selecionados através de projeto divulgado em fevereiro de 2022 aqui no Jornalismo & História, escancara a impunidade de ações criminosas contra áreas localizadas em Dourados, no Mato Grosso do Sul. A reportagem em vídeo aborda os constantes ataques de neopentecostais aos rezadores kaiowa e guarani nos últimos anos. Uma onda de incêndios contra casas de reza tradicionais tem sido a face mais visível da intolerância religiosa de grupos formados por indígenas convertidos que…

  • Jornalismo,  Resenha

    Quem pode julgar Anna?

    O limite entre a realidade e a ficção na extravagante e controversa vida de Anna Delvey, condenada pela justiça e aclamada nas redes sociais Por Bárbara Dal Fabbro e Mauro César Silveira Não importa quem você é, em que país mora, ou sua idade e preferências, se você está conectado à grande rede e consome avidamente as produções disponibilizadas nos streamings, sabe, ou pelo menos já se deparou com Anna. Um nome tão comum, com uma grafia nem tão usual para nós, brasileiros, que acaba chamando a atenção por si só. E essa foi precisamente a tática utilizada pela Netflix e pela produtora ShondaLand para que mergulhássemos no mistério dessa…

  • Diálogos,  Entrevista

    Judith Butler: “Temos que esperar reações e retrocessos”

    Três décadas depois do lançamento do livro Problemas de Gênero, a destacada filósofa estadunidense Judith Butler abraça a não violência para combater a desigualdade social e lembra que a história não avança continuamente, exigindo constante mobilização para enfrentar as ações retrógradas Por Paula Escobar A influente pensadora feminista está enojada “por causa da terrível e violenta invasão da Ucrânia” e argumenta que “as justificativas incoerentes e divagantes de Vladimir Putin para a guerra que ele está travando contra o povo da Ucrânia foram um exercício de patriarcalismo estridente e histérico”. Ela clama categoricamente pela não violência na luta contra a injustiça e afirma que “misóginos e homofóbicos ganham um senso de seu valor acreditando em sua superioridade”. Ela também se…

  • Diálogos,  História

    Tintas talentosamente fortes

    Ressurge a pintora italiana Artemisia Gentileschi, um dos maiores nomes do barroco e primeira mulher aceita na Academia das Artes do Desenho de Florença, mas que só começou a ter seu valor artístico reconhecido na década de 1970, mais de 300 anos depois da sua morte Por Mauro César Silveira Mais de três séculos de ostracismo. Um protagonismo de visibilidade muito tardia, tragicamente tardia, quase eterna, cruel morosidade decretada pelo patriarcado ainda vigente. Considerada hoje um dos maiores talentos do barroco no mundo inteiro, a pintora italiana Artemisia Gentileschi começou a sair do limbo na década de 1970 e não apenas pelas suas inegáveis virtudes artísticas. Mas também pela sua…

  • Diálogos,  História,  Jornalismo

    Padeiros do espírito

    Com algumas ideias que a aproximam, de forma antecipada, da Semana de 1922, agremiação de letras e artes Padaria Espiritual, do Ceará, completa 130 anos Por Cristiane Garcia Teixeira No final do século XIX, transformações sociais, políticas e econômicas, uma profusão de ideias sem antecedentes e a participação da classe letrada na política, provocou o surgimento de importantes agremiações, associações culturais e literárias no Ceará. Dentre elas, uma de título e objetivos muito curiosos se fez evidenciar: a Padaria Espiritual. Assim como a Semana de Arte Moderna, em 2022 a Padaria faz aniversário de nascimento; 130 anos. E alguns de seus estudiosos e estudiosas acreditam que algumas das preocupações dos…

  • História,  Reportagem

    Legado revisitado

    Nos 100 anos da Semana de Arte Moderna, ainda ecoam, sobre o cenário cultural brasileiro, tanto as limitações como as mais fortes influências do evento vanguardista Por Lucas Ortiz A maneira de se refletir sobre a arte nacional nunca mais foi a mesma depois de 1922. Entre os dias 13 e 17 de fevereiro daquele ano, ocorreu em São Paulo (SP), no Theatro Municipal, a Semana de Arte Moderna: manifestação artístico-cultural que marcou o início do Modernismo brasileiro, conforme registros oficiais. Na época, a rejeição da elite conservadora, regada de vaias, garantiu o “sucesso” do evento, colaborando com o objetivo dos organizadores: o de gerar escândalos. “Para muitos de vós…

  • Diálogos,  História

    Quantas histórias cabem numa garrafa?

    Lançada às vésperas da Semana de Arte Moderna de 1922 e premiada no centenário do “nascimento do Brasil”, a cachaça mineira Colombina expressa o espírito da época em que surgiu, valorizando nossos melhores atributos culturais Por Maurício Ayer Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira e colaborador frequente da Revista de Antropofagia, uma das mais icônicas publicações do modernismo, escreveu que “O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar”; e uns versos abaixo: “O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar”. Pois quanta história (e quanto amor) cabe numa garrafa de cachaça? Faz tempo que me convenci de que a caninha conta histórias sem nem…