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Chargistas brasileiros combateram ao lado do Império de D. Pedro II contra Solano López
Por Mauro César Silveira O jornalismo satírico da Corte brasileira pendeu para um lado na ação militar contra o Paraguai nos anos 1864-1870: apenas o inimigo das forças imperiais foi vítima da ação dos chargistas que atuavam no Rio de Janeiro. Até mesmo o abolicionista e republicano Ângelo Agostini, considerado o primeiro grande caricaturista brasileiro, alinhou-se com o discurso do governo de D. Pedro II. É de autoria dele uma das produções mais impressionantes daquele período, O Nero do Século XIX. A imagem apresentava um projeto de monumento ao sadismo do presidente paraguaio Francisco Solano López, que se erguia, imponente, sobre uma montanha de esqueletos, e foi publicada na Vida…
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Qual é a graça?
Caricaturas e charges foram usadas na imprensa desde o início do século XX para a disseminação do racismo na sociedade brasileira Por Natália Huf Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, abolindo a escravidão e concedendo liberdade aos homens e mulheres escravizados no Brasil. Hoje, 133 anos depois, essa data nos lembra que, por mais que a lei tenha encerrado — ao menos na teoria — o regime escravocrata que vigorou por mais de três séculos no país, a ideologia racista permanece em alta na sociedade brasileira. A lei foi sancionada, os escravizados foram “libertos”, mas… e depois? Hoje, na historiografia nacional, o autor…
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Um museu de podres novidades
Sombrio cenário brasileiro requer um olhar sobre a história da imprensa no país Por Mauro César Silveira A institucionalização da mentira, a manipulação grosseira e permanente de informações de toda a natureza e o desprezo quase absoluto aos efeitos devastadores de uma pandemia mundial sem precedentes, principais ações ostensivas do atual governo brasileiro, nos levam a rever a última grande obra sobre o passado do nosso jornalismo e suas relações com o poder. Lançado originalmente em 2008 pela Editora Contexto, de São Paulo, com reedições na década passada, o livro História da Imprensa no Brasil, organizado pelas historiadoras Ana Luiza Martins e Tania Regina de Luca, termina com o capítulo…
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Sociedade da mentira
A história da entidade que falseava a verdade para desmoralizar os falaciosos no Rio de Janeiro do século XIX Por Cristiane Garcia Teixeira No dia 28 de janeiro de 1853 os leitores e leitoras, assinantes ou compradores de edições avulsas do jornal de variedades Marmota Fluminense, ao manusearem o periódico, depararam-se com a ata de uma das reuniões da agremiação intitulada Sociedade Petalógica. Foi a primeira vez que algo desse teor havia sido publicado no jornal, que era impresso na tipografia e livraria de Francisco de Paula Brito, um homem negro, editor e tipógrafo “da Casa Imperial” cujo estabelecimento era um ponto de encontro de literatos, políticos, estudantes e artistas,…
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A vida e obra de João Antônio em podcast
Paratempo exibe primeiro episódio sobre a trajetória do criador do conto-reportagem Por Mauro César Silveira O desabafo proferido mais de 40 anos atrás soa sinistramente profético. Ao escrever, em 29 de abril de 1980, para Mylton Severiano, seu amigo e colega de redação na célebre revista Realidade, da década de 60 do século passado, o jornalista e escritor João Antônio Ferreira Filho, ou simplesmente João Antônio, destilou boa dose de amargura ao atingir o vigésimo quinto ano da sua carreira literária: “Deverei bebemorar com uma solitária taça de fel e desesperança, pois, depois de tudo que fiz e até do meu nome já ter chegado ao estrangeiro, verifico que uma…
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“Cala a boca, que eu não te perguntei nada”
Documentário Cercados mostra os bastidores e desafios da cobertura jornalística da pandemia no Brasil Por Natália Huf Informação e emoção são boas palavras para definir o documentário Cercados – A imprensa contra o negacionismo na pandemia. Com foco nos grandes veículos de imprensa, o filme retrata os bastidores da cobertura jornalística sobre o Coronavírus, o governo brasileiro e o sistema de saúde. Depoimentos e vivências de profissionais de jornais impressos, rádios e emissoras de TV constroem a narrativa e mostram os desafios de trabalhar com tempo curto, jornadas e salários reduzidos e escassez de informações oficiais. Lançado em 3 de dezembro de 2020, o documentário está disponível no streaming GloboPlay. …
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O virtual perpetuando o legado de Euclides da Cunha
Adaptação da SE2020 para o formato online rompeu barreiras e manteve vivo o Movimento Euclidiano Por Bárbara Dal Fabbro Ser maratonista e participar da Semana Euclidiana sempre foi um momento de encontros, conhecimento, pertencimento e alegria. Pode parecer estranho que crianças, adolescentes e adultos se unam, anualmente, de 9 a 15 de agosto, para estudar, debater e se aprofundar na obra de Euclides da Cunha. Sim, este é o mote da SE, mas não só ele. O Euclides estudado não é apenas o profissional, engenheiro, escritor e jornalista, mas o Euclides homem, com seus diversos interesses, valores morais e questionamentos sobre o mundo. Iniciei minha trajetória como maratonista ainda criança,…
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Ana Paula Lacerda: “Realizar a Semana Euclidiana representa, para mim, participar da construção de um Brasil melhor”
Diretora de Cultura de São José do Rio Pardo fala do imenso desafio de organizar a 82ª edição desse evento e de como ele muda a vida das milhares de pessoas envolvidas nas suas múltiplas atividades Por Bárbara Dal Fabbro A trajetória de Ana Paula de Paulo Pereira de Lacerda nos mostra que não é preciso nascer rio-pardense para se tornar e identificar como euclidianista. O estudo sobre a obra do multifacetado Euclides da Cunha em suas mais diversas vertentes tem feito de São José do Rio Pardo (SP) a “meca do Euclidianismo” e trazido para o interior de São Paulo estudantes e pesquisadores de todo o Brasil e de…